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A Lição das Árvores

ALICAOARVORESENRICOPAOLASe a gente pode “gostar de um livro pela capa”, é o caso deste que tenho em mãos agora. O que? Ah, não é exatamente este o ditado? Mas vale a brincadeira com ele. A Lição das Árvores, escrito pelo italiano Roberto Parmeggiani e ilustrado por seu conterrâneo Attílio Palumbo, conquista na capa, que tem uma moldura com os nomes dos autores e, no meio, o título e uma ilustração, uma belíssima mostra dos desenhos que compõem a história.

Desde a primeira página, o que se vê é um desfile de delicadezas. Os italianos nos contam a história de Enrico e Paola, dois amigos de escola que têm gostos e hábitos bem diferentes. Mas não é isso que chama a atenção do menino. Enquanto Enrico é um perguntador sem freio, Paola não pergunta nada. Paola não fala. O menino desenha borboletas para a menina e ela retribui com sorrisos. Eles constroem uma linda relação no silêncio e, claro, nasce no menino um senso de proteção. Os outros colegas não lidam bem com o jeito dela e é aí que Enrico pede ajuda de um professor bastante especial.

– Professor, posso te perguntar uma coisa?

– Claro, diga-me.

– Somos todas iguais?

– Quem?

– Nós, as crianças! Somos todas iguais?

– Não, claro que não.

– Então, todas nós somos diferentes?

– Bem, não, não exatamente.

– Mas, então… Paola é igual ou diferente de mim?

O professor coça o queixo, franze a testa, olha para o alto, abre os olhos e, em seguida, responde:

– As crianças são como árvores.

 

E é deste ponto em diante que a história vira. Eu, particularmente, tenho sempre receio de livros infantis que abordam preconceito e e o tal “como lidar com as diferenças”. Mas eu absolvo todo e qualquer livro que tenha a poesia como forma de nos conduzir. O professor descorre para Enrico uma série de características de diversas árvores comparando-as com as crianças (adultos também, por que não?), e o que o leitor presencia é uma riqueza de vocabulário embrulhado de maneira leve para abordar um assunto tão mal difundido (o tal bullying, nem gosto mais de escrever esta palavra). Não tem lição de moral, mas tem provocação para refletir. Ele não diz um “tudo bem ser diferente”, algo muito difícil de se entender. Mas sugere que a gente esteja disposto a olhar para o outro, pensar sobre. O que já é bastante coisa.

O escritor, experiente em trabalhar com crianças com deficiência, se inspirou nisso para tratar do assunto com literatura. E o ilustrador se esbaldou no tema e criou desenhos vivos que brincam de esconder e revelar, alternam movimento e espera, cores e sombras. Por tudo que ele apresenta, acho que vale a pena enfrentar o assunto “respeito às diferenças” com ele por perto. Desde, claro, que o leitor tenha a chance de saber que não o assunto sempre pode ser mais complexo do que aparenta uma solução.

 
ALICAODASARVORESCAPA
A Lição das Árvores (Ed. DSOP)

textos de Roberto Parmeggiani

ilustrações de Attílio Palumbo

2013

 

palpite: para crianças de 4 a 100 anos

Maurício Leite, o garimpeiro de leitores

Maurício em Angola
Maurício em Angola

Esta conversa que tive com o educador Maurício Leite, criador do projeto Mala de Leitura, foi por email. Ele está tão, mas tão tãaao para lá e para cá pelo Brasil e até outros países, que falar com ele é uma dificuldade só! Mas esse chá de cadeira que ele me deu tem boas razões. Pois quanto mais ele está andando por aí, mais leitores ele pode estar garimpando. É esse o termo mesmo: garimpeiro. Sem conhecê-lo pessoalmente ainda, faço aqui uma imagem de Maurício de um mago ou alguém com um poder semelhante ao toque de Midas: só que em vez do ouro, qualquer pessoa que ele encontra se torna um leitor. Não à toa, ele este ano está indicado pelo seu trabalho para o prêmio Alma (Astrid Lindren Memorial Award, em homenagem à autora sueca criadora de Pippi Meia Longa): é o único brasileiro entre 238 candidatos de 68 países. O resultado será anunciado dia 25 de março em Estocolmo, com transmissão ao vivo na Feira de Bolonha, Itália, a maior da literatura infantil no mundo.

Promovendo a leitura em países de língua portuguesa e em outros países como Estados Unidos, México e Espanha, Maurício faz um intercâmbio de cultura por meio dos livros. Ele pode estar em uma escola no meio da floresta amazônica, ou em uma aldeia no continente africano: o que ele quer mesmo é de alguma forma garantir o direito de todos à leitura e ao patrimônio cultural. Parece muito? Parece óbvio? Ele prova que não é nem uma coisa, nem outra. É necessário.

Natural de Cuiabá, Mato Grosso, tem casa em Portugal, mas vive em muitos lugares. É conhecido também como o “homem da mala azul”, acessório que está sempre carregado com livros, ou seja, surpresas. Surpresas que ele não vê limites de como apresentar, pois não se importa com regras para a mediação de leitura. Vale encenações, vale usar brinquedos. Já visitou locais em que moradores nunca tinham visto um livro na vida. Precisa de muita delicadeza para se apresentar uma joia como esta, não? Assim, Maurício sempre procura conhecer o lugar em que está para chegar ao futuro leitor da forma mais afetuosa possível. Só em Angola, ele estima que tenham 500 malas azuis “multiplicadas”. Será que não inspiraria algo, poder público brasileiro? Mas Maurício é reconhecido e contratado por organizações internacionais. Aos 60 anos de idade, continua seu garimpo, esperando que o ouro seja de todos um dia. A seguir, o nosso bate-papo.

ESCONDERIJOS: Bem, primeiro eu gostaria de saber como é que começou sua história com as histórias e como isso foi crescendo até você se tornar uma referência na mediação de leitura? Quais são os tipos de trabalho que você faz hoje? Maurício Leite: Comecei em casa. Meu pai adorava gibi. Minha mãe romances, fotonovelas, livros esotéricos etc… Em minha casa havia muito música de vários estilos (os bons, é claro), muitos discos. Meu pai assinava revistas. Quando fui para escola, já sabia ler. Devo muito a meus pais o início da minha formação intelectual. Bem novinho, com a morte da minha mãe, cuidei da educação de meus irmãos menores. Só aos 40 anos fui para os Estados Unidos trabalhar e estudar inglês. Aproveito para dizer que educação e cultura a gente aprende em casa. Ou não!

ESCONDERIJOS: Quais são os tipos de trabalho que você faz hoje?

ML: O que muda são os lugares, pois o trabalho é sempre o mesmo. Levar livros e leituras para crianças e jovens, principalmente aqueles que trabalham em regiões isoladas, como as savanas africanas, a Amazônia, aldeias em Portugal … Para quem gosta de viajar, ter uma mala é obrigatório. Por isso criei a Mala de Leitura. Uma viagem ao mundo dos livros.

ESCONDERIJOS: E me fale sobre o prêmio e a sua candidatura no valioso Alma…

ML: Sou o único candidato do Brasil ao Prêmio Alma www.alma.se. Criado pelo rei da Suécia, é uma homenagem a escritora Astrid Lindgrin. Fui indicado desde o ano de 2008 pelo governo de Angola, onde trabalho com a oficina Mala de Leitura há mais de 12 anos e em várias regiões mas, em 2013, fui indicado pelo próprio prêmio, pela comissão do Alma!

ESCONDERIJOS: Qual seu maior estímulo para continuar mudando a vida das pessoas por meio dos livros?

ML: Sou educador. Alfabetizador. Sempre levei livros para o meu trabalho. Nunca me preocupei em alfabetizar e sim em formar leitores. Parto dos bons livros de imagens, livros com poucas palavras… Um dia, sem perceber, as palavras deixam de ser um mistério e passam, como as imagens, a ter um significado. Para lembrar Paulo Freire: tijolo, não é só uma palavra! Meu maior estímulo é acreditar que só através da educação poderemos transformar a vida das pessoas e consequentemente a sociedade.

ESCONDERIJOS: Dá pra citar quais lugares você já esteve com o projeto? Qual foi o lugar mais inusitado que você já fez um trabalho?

ML: Bem, acabo de chegar de uma aldeia, Kadiwéu, na divisa de Mato Grosso do Sul com Paraguai. Comecei na Ilha do Bananal, depois Pantanal de Mato Grosso, Estados Unidos, onde através da Harvard University e com apoio da Hitachi Foundation, implantei Malas de Leitura em escolas de aldeias indígenas nos estados Arizona, Novo México e Montana. Em Manhattan, fiz palestras para Columbia University, Biblioteca Pública do Queens, Escolas Bilíngues do Board of Education de New York, para El Museo del Barrio. Também em universidades do México, Portugal, França, Espanha, todos os estados brasileiros, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau. Um lugar inusitado? Fui preso no mercado do Roque Santeiro em Angola e levado para a esquadra policial. Não estava lá o chefe da esquadra. Fiquei preso com a Mala de Leitura e comecei a ler livros para os meus colegas de cela. Fui levado para lá porque o policial achou que eu estava vendendo mercadoria ilegal no mercado. Quando eu disse que eram livros ele pergungou: “Livro? O que é isso?”

ESCONDERIJOS: Qual foi a história mais emocionante que já viveu, em relação ao retorno das pessoas? Qual foi o exemplo, o retorno que você teve que mais te comoveu?

ML: Uma vez li o livro Casas, de Roseana Murray, no interior de Minas Gerais. Uma senhora começou a chora muito alto. A casa dela tinha pegado fogo. Dei o livro para ela e disse: o livro é a melhor casa que temos para morar. Ela sorriu!

ESCONDERIJOS: O que falta para seu trabalho ser ainda melhor?

ML: Não sei bem o que falta. Talvez um pouco mais de espaço aqui no Brasil. Sempre consigo apoios e incentivos internacionais. Durante quatro anos recebi uma bolsa de uma entidade não governamental americana chamada Ashoka – Innovators for the public www.ashoka.org. Digamos que recebo convites e reconhecimento de vários países do mundo e aqui tenho que trabalhar como se fosse o primeiro dia da minha vida. Sempre voltando ao zero. Todo dia atiro garrafas ao mar como se fosse o primeira vez. Mas, é apenas uma constatação e não uma reclamação. Com respeito ao trabalho, sou espartano.

ESCONDERIJOS: Onde você mora onde hoje? Quanto tempo fica viajando e fica em casa?

ML: Hoje quando me perguntam onde moro, sorrio e digo: moro no .com! Cada ano é diferente do outro. Já passei mais de oito anos sem vir ao Brasil. Moro em apart hotel, hotéis, já tive um apartamento no Brasil, outro em Moçambique e outro em Angola. No momento tenho casa em Portugal e trabalho no Brasil. Irei ainda ao México como convidado para o Congresso do IBBY Internacional Board on Books for Young Children.

Mais informações sobre ele no site http://www.maladeleitura.com

 

Um tempo atrás, o Fantástico fez uma reportagem bem bacana com ele, assim dá para visualizarmos melhor esta prática. Eles mostr, por exemplo, um município em goiania que ganhou uma linda biblioteca com teto de palha de buriti.

Rapunzel, Cia. Le Plat Du Jour

LEPLATDUJOURAPUNZELConheci a Cia. Le Plat Du Jour quando as próprias criadoras, as excelentes Alexandre Golik e Carla Candiotto, faziam a versão delas para Chapeuzinho Vermelho. Foi inesquecível como meu marido e eu – ainda sem filhos, veja só – nos divertimos! Era no pequenino teatro do Eva Herz, na avenida Paulista e eu me senti como se fossem duas amigas me contando uma história. Mas uma história para rolar de rir, claro.

 

Voltamos ao encontro do grupo de teatro infantil, um das mais importantes do Brasil, na companhia da minha filha, Clarice, com 1 ano e 7 meses. Ela já havia visto alguns shows e peças e então o auditório “duro” mas aconchegante do Sesc Pompéia não a assustou em nada. Adorou as cadeiras diferentes e, quando as luzes apagaram, não houve choro – ainda bem! E imediatamente ela se ligou no que estava acontecendo lá embaixo, no palco: um jardim de rabanetes falantes. Clarice mesmo não tendo referência de quase nada que se apresentava ali, se divertiu à beça: é assim com a versão para o clássico Rapunzel, um texto com mais de 200 anos que parece novo em folha na interpretação de Adriana Telg e Zilza Brisola.

 

A gente reconhece, claro, todos os elementos principais da história – a menina que é entregue à bruxa pelos pais e vive em uma torre, com tranças que não param de crescer e são extremamente fortes, e vê sua vida mudar completamente ao conhecer um príncipe – mas é tudo costurado com o humor algumas vezes sutilmente ácido da Le Plat, adoravelmente necessário para público de todas as idades. Praticamente não há um minuto que a gente fique sem dar risada, tanto por causa das falas bem feitas (cada palavra colocada de forma precisa, nada a mais, nada a menos), quanto pelo uso de referências do mundo moderno (para você ter uma ideia, um dos encontros do casal é regado a canções pop, de Michael Jackson a Bee Gees). Mas é a dinâmica do roteiro, a capacidade incrível – incrível mesmo, característica do grupo – de as duas atrizes trocarem tantas vezes de papéis durante o espetáculo e a flexibilidade de atuação de cada uma (há até números circenses) que fazem da experiência única para todos da plateia. Tem frases de efeito satirizadas, trocadilhos impagáveis, a maior parte do tempo ambientado a partir de uma espécie de casa na árvore, que se faz de torre, segundo palco e tudo o mais. E ainda tem Toquinho na trilha sonora: li na coluna do Dib Carneiro Neto, no site da Crescer, que o nosso mestre da música brasileira compôs canções especialmente para a peça, o que dá um toque romântico na medida certa para combinar com o humor predominante. De dar a certeza de como vale a pena sair de casa para assistir a uma peça.

 

Rapunzel

Quem: Cia Le Plat du Jour

Quando: até 4 de março de 2014, aos sábados e domingos às 12h

Onde: Teatro do Sesc Pompéia

Classificação indicativa: Livre

Ingressos: R$ 8,00 inteira, R$ 4,00 meia-entrada (usuários inscritos no SESC e dependentes, estudantes, professores da rede pública, pessoas com mais de 60 anos ou deficientes), R$ 1,60 comerciários inscritos no Sesc e dependentes

Duração: 55 minutos

Lotação: 300 lugares

SESC Pompeia – Rua Clélia, 93, Pompeia, São Paulo, SP

Telefone para informações: (11) 3871-7700 ou www.sescsp.org.br

Curtas da Cia. Truks: olhar fresco para as cantigas

Como são clássicas, as cantigas de roda tradicionais da cultura brasileira – além de influências de outros povos até – ganham versões a toda a hora. Você pode saber de uma nova e bufar algo como “ai, estou cansado de ouvir isso”. Eu teria aqui dois argumentos para estimular você a jamais deixar isso fora da infância do seu filho, ou de qualquer criança que possa influenciar na formação de repertório: o primeiro é que a tradição faz parte de nossa história e precisa ser preservada. O segundo é que, se for bem feito, ‘bora aproveitar! E é por isso que eu indico aqui uma olhada no curta produzido pela Cia Truks – Teatro de Bonecos com a versão do grupo para a cantiga O Sapo Não Lava o Pé, disponível no Youtube com o canal Truks TV. É genial. Utilizando a técnica mais conhecida da companhia – que tem 24 anos de ótimas histórias -, a manipulação de bonecos com os artistas vestidos completamente de preto, vemos um sapo dançando com um jeitinho um tanto mal-humorado sem a menor intenção de colocar o pé na água. Abaixo dele, um coral de peixes completa a diversão e o encanto, enquanto ouvimos uma versão bem executada da canção (com arranjos delicados e divertidos) e a variação completa do A E I O U (“a sapa não lava a pa, não lava parca na ca….”, lembrou?). Mostrei para a Clarice pela manhã e, ao voltar da escola, ela já olhou para o meu celular e pediu “Sapo! Sapo!”. É pra ficar fanático mesmo. Eu? Morri de rir! “Estou para fazer isso há anos, mas estava sempre complicado e o tempo foi passando. Mas decidimos que era o momento de apostar nisso – uma novidade para nós, uma produção só para internet – e chamamos o João Inácio, um cineasta de Brasília que fez um documentário sobre o grupo”, conta Henrique Sitchin, fundador e diretor do grupo e idealizador da série.

 

Confira aqui o vídeo: O melhor é que não será o único. A ideia é que em pouco tempo já entre no ar um curta com A Barata Diz Que Tem e outro com O Cravo Brigou com a Rosa. “O da barata tem interação com animações e o do Cravo os bonecos são ainda mais complexos, mexem os olhos e a Rosa chora de verdade”, diz Sitchin. TRUKSAROSA

A companhia ainda está em ano de duas novidades nos teatros.

CONSTRUTÓRIO 3p
Na foto acima apresento o Construtório, com previsão de estrear em 30 de março no Sesc Pinheiros (zona oeste de SP). O espetáculo traz os personagens do já premiado Sonhatório (de 2012) para contracenarem em uma obra e mostram que são muito além de operários: são também poetas. E o Última Notícia, tem estreia prevista para junho no Sesc Santana e usa bonecos feitos com jornal que contam a história de um menino que foge do jornal para o mundo dos sonhos. Enfim, muitas oportunidades de apresentar às crianças uma das mais delicadas formas de arte que, sabiamente, não é feita somente “para elas” e, sim, para emocionar e divertir a família toda.

A Árvore Magnífica

AARVOREMAGNIFICADENTROUma das delícias de acompanhar o mercado de literatura infantil é que a gente fica feliz só de ver determinados livros chegarem até a gente. O traço, por exemplo, de um ilustrador que a gente ama é uma das maneiras de isso acontecer: você passa a reconhecer de longe o desenho e já fica doido para folhear!

Acontece sempre com os livros ilustrados pelo australiano Stephen Michael King. Ele é autor de maravilhas como Pedro e Tina, O Homem Que Amava Caixas e Folha. Mas também faz trabalhos junto com outros escritores, como A Árvore Magnífica, escrita por Nick Bland, e que chegou recentemente ao Brasil pela editora Brinque-Book. Está lá o passarinho vermelho que passeia por dezenas de livros seus; está lá o nariz arredondado de seus personagens; está lá a delicadeza em que retrata o movimento em uma linda mistura de poesia e informação, dedicando referências aos pequenos leitores para que eles se identifiquem à primeira olhada.

Em A Árvore Magnífica, um pai e uma filha estão sempre cheios de ideias. Eles pensavam um tanto diferente, mas admiravam demais um a criatividade do outro. O pai era mais das engenhocas, como grandes aviões. Bia se concentrava nas mais delicadas, como cartões para mostrar o quanto ela amava o pai.  Mas o que eles queriam mesmo era atrair os pássaros, uma paixão que nutriam em comum. Cada um teve uma ideia diferente e é aí que a gente nota a grande poesia da história.

Adorei a história, adorei a simplicidade, adorei o jeito que me fez voltar as páginas e ver de novo. Nick Bland também é australiano e tem uma história bem peculiar: sempre sonhou ser cartunista, foi trabalhar em uma livraria, passou dois anos lendo tudo quanto é livro de imagem até ir aprimorando seu talento como contador de história e também como ilustrador. Hoje ele só faz isso da vida mas, aos finais de semana, é tutor de 120 meninos indígenas do norte da Austrália que estão se instalando em Darwin, onde mora. Achei muito curioso e claro como a delicadeza de um artista pode “sair” de maneira muito inusitada. A parceria com o traço de Stephen foi marcante pois, os pássaros são um elo perfeito para os dois, por que não?, sonhadores de um mundo melhor.

AARVOREMAGNIFICACAPA

A Árvore Magnífica (Ed. Brinque-Book)

textos de Nick Bland

ilustrações Stephen Michael King

2013

palpite: para crianças de 2 a 100 anos

1 2 3 Conte Comigo Outra Vez

VILASESAMO1Gosto do Vila Sésamo mesmo antes de nascer. Explico: cresci ouvindo meus irmão dizerem “você precisava ter visto o Vila Sésamo”, ou “você precisava ter conhecido o Ênio, ou o Beto, ou o Come-come”… isso porque a primeira versão brasileira do mais importante programa de TV para crianças da história foi ao ar de 1972 a 1977 e eu nascei no meio disso, em 1974. Eu não me lembro de quase nada: era uma memória maravilhosa de ouvir da boca dos meus irmãos.

Enquanto isso, eu me contentava com o Muppet Show, que aqui no Brasil teve horário fixo no final dos anos 70 e meados de 80. Assim nasceu minha paixão pelos bonecos. É quase um fanatismo, confesso. (a ponto de eu ter meu próprio Muppet criado na oficina de Muppets dentro da loja FAO Schwarz, em Nova York… mas esta é outra história!).

Imaginem minha alegria ao ver minha filha Clarice, no auge de seus 1 ano e 7 meses, estar completamente apaixonada pelo Ênio. E foi por acaso. Ela conheceu os bonecos manipulados assim em programas de TV há alguns meses, por causa do Cocoricó (que, claro, são completamente inspirados nos programas de Jim Henson, o norte-americano que criou a turma do Vila Sésamo e tudo o mais). Mas o Ênio, na verdade, estava nas minhas de DVDs infantis na capa do 1 2 3 Conte Comigo Outra Vez, um DVD-livro em que o personagem é o mestre de cerimônias de uma série de números musicais que querem ensinar a criança a contar. Ela pediu e eu coloquei no aparelho, mas não botei muita fé, uma vez que ela não estaria exatamente envolvida com números …. e, claro, eu estava enganada!

Ela não se interessou muito pelo início, em que Ênio aparece passeando pela Vila Sésamo até que encontra uma chave de quarto de hotel com o número 7. Ele entra o hotel e informa os gerentes e, a partir daí, a gente descobre que ninguém ali (assim como o possível espectador) sabe exatamente para que servem os números. Ênio trata de resolver isso e aí segue uma sequência de musicais e técnicas de memorização que fizeram o programa ser tão famoso desde a estreia, em 1969. O que a gente vê no DVD é uma série de animações ou esquetes de várias fases do Vila Sésamo, costurados por divertidíssimos diálogos dentro do hotel. Eu me divirto com a Clarice, principalmente porque ela já canta e conta: não sabe para que serve ainda, mas fala de 1 a 20 quase sem errar. Mas, o mais importante: está ligada aos bonecos por afeto e porque os programas são acima de tudo, concebidos de forma inteligente, sem achar que criança é ‘bobinha’. Por isso que os “grandinhos” – como meu irmãos eram até – e adultos têm prazer em sentar ao lado do filho e se divertir – ou mesmo aprender – com um bom programa de televisão.

A minha irmã que há alguns anos tinha um boneco do Ênio em casa, presenteado por mim, acabou perdendo o brinquedo para a Clarice. Mas adivinha se ela reclama? Basta um sorriso + um “o enuuuuu!!!!” da minha filha cada vez que reencontra o boneco na sala, para perceber que o “empréstimo” vale a pena.

O Vila Sésamo nunca saiu do ar no Estados Unidos e tem zilhões de derivados. Aqui no Brasil, a versão que foi ao ar em 2007 é transmitida na TV Cultura e pela TV Rá Tim Bum. Também entrou para a programação para crianças no Netflix, além de vários DVDs.

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1 2 3 Conte Comigo Outra Vez – Vila Sésamo

ST2 Kids

2008

A Fantástica Fábrica de Chocolate

FABRICACHOCOLATEILUSTRANem vou me preocupar em fazer média: conheci a mais incrível história de Roald Dahl pela versão do filme, em que Gene Wilder vivia o misterioso e adorável Willy Wonka. Só adulta, bem antes no entanto de trabalhar na revista Crescer, é que tive meu primeiro livro na estante de casa.

FABRICACHOCOLATECAPAANTIGA

A edição era esta, com ilustrações de Cláudia Scatamacchia.

Bem, o livro é simplesmente necessário a qualquer infância. Mesmo com as fortes imagens que o cinema me proporcionou, o tipo de escrita de Roald Dahl é incomparável, insubtituível e, algumas vezes, inacreditável. Adoro o jeito que este inglês conversa com a gente. Nos conta a história como se nos sussurrasse um segredo. Já apostando que não iremos acreditar mas que, no final, seremos convencidos.

A história começa nos apresentando o menino Charlie Bucket, que mora em uma casa pequenina e pobre com os pais e os avós paternos e maternos. Honesto e querido pela família, Charlie estava próximo da Fábrica Wonka, a mais incrível fábrica de chocolates do mundo. Duas vezes ao dia o menino passava em frente ao lugar e amava o cheiro delicioso que saía de lá. O Vovô José (ou Joe, como no filme) lhe contava muitas histórias incríveis sobre o Willy Wonka, dono da fábrica.

Um dia, Wonka surpreendeu a todos: anunciou em um jornal que espalhara entre seus chocolates cinco cupons dourados que dariam acesso a uma visita especial por dentro das instalações. Os cupons estavam escondidos e crianças de qualquer lugar do mundo poderiam achá-lo! Nós acompanhamos, claro, o sonho e a angústia de Charlie em achar um. O momento chega, parecendo um milagre, um dia antes da grande visita.

Bem, Willy Wonka faz jus à fama e recebe as crianças do jeito mais maluco possível. Todas as cinco estavam acompanhadas por um responsável adulto e cada uma delas de uma personalidade peculiar e, sim, bem reconhecível. A fábrica por dentro se revela ainda mais interessante do que qualquer um poderia imaginar, mas trazia uma surpresa que ninguém pensaria: os ajudantes de Wonka são anões, mas não anões quaisquer. São chamados de umpa-lumpas, “importados diretamente de Lumpalópolis”.

É com o menino Augusto Glupe que se inicia a primeira grande maluquice do passeio. Como todo lugar mágico, embora fascinante, é repleto de regras. Uma delas é jamais colocar um dedo sequer no chocolate produzido lá dentro. Mas o menino, um autêntico guloso, faz mais do que isso: se ajoelhou à margem de um rio de caldo e encheu a boca o mais rápido que pôde.

 

– Não, por favor, Augusto, por favor! Não faça isso. Meu chocolate não pode ser tocado por mãos humanas!

 

Grita o Sr. Wonka e daí se inicia uma espécie de tragédia: Augusto se empolga de tal forma na delícia que afunda no chocolate. E assim os pais e todos os visitantes assistem ao menino sendo sugado para perto da boca de um dos imensos canos do rio e é sugado completamente. Como era bem barrigudo, o menino entala no cano, onde se forma uma pressão enorme até que ele seja lançado para o alto. A mãe de Augusto fica desesperada e o Sr. Wonka pede calma.

 

– Como é possível que ele consiga se sair bem! – vociferou a Sra Glupe. – Ele vai se transformar em musse em menos de cinco segundos!

– Impossível! – exclamou o Sr. Wonka. – Impensável! Inconcebível! Absurdo! Ele jamsi será transformado em musse!

– E posso saber por quê? – gritou a Sra Glupe/

– Porque aquele cano não passa nem perto das musses! O cano onde Augusto entrou vai dar direto na sala onde eu faço o mais delicioso tipo de cobertura de chocolate sabor morango…

 

Eu adoro esse humor negro do Roadl Dahl – que pode ser ainda mais ácido em outros livros. Um humor que faz a gente rir por dentro, ainda mais quando criança, uma vez que é possível ver nos personagens comportamentos bem conhecidos como gula, teimosia, mimo em excesso, birra, fanatismo por TV…

O primeiro filme não revela detalhes que o livro traz, como os destinos finais das histórias das crianças após a visita, o que é retratado na versão de Tim Burton. E é mais uma maneira de entender porque este livro é um indiscutível clássico, obrigatório em qualquer versão.

FABRICACHOCOLATECAPAQUENTIN

Hoje tenho a edição em que meu amado Quentin Blake assina as ilustrações. Adoro o traço dele, fazendo todos eles parecerem sempre meio malucos e saltitantes. Ele hoje ilustra todos os livros do Roadl Dahl, além de ilustrar de outros escritores e ser autor de dezenas. Existe até uma versão reduzida da história, mas em incríveis efeitos pop-up!

 

A Fantástica Fábrica de Chocolate (Ed. Martins Fontes)

textos de Roald Dahl

ilustrações de Quentin Blake

2011 (primeira versão original lançada em 1964)

palpite: para crianças de 6 a 100 anos

 

Macli – I Mostra de Arte Contemporânea em Literatura Infantil

MACLISCHIZOA ilustração está inserida na arte? Antes de “entrar” de cabeça neste mundo da literatura infantil eu nem cogitava que esta seria uma questão. Mas, conforme meus estudos vão avançando vejo o que para mim é óbvio, para os intelectuais – artistas e críticos – é, uma grande questão: a ilustração deve ser considerada arte?

O artista multimídia Favish Tubenchlak quis colocar a pergunta à prova no Brasil e inaugurou em 2012 a Macli – Mostra de Arte Contemporânea em Literatura Infantil,  colocando em quadros, pendurados na parede, bem ao estilo tradicional de galerias e museus, ilustrações pinçadas de livros infantis. Sócio da Galeria Livre, no Jardim Botânico, no Rio, ele assina a curadoria ao lado das especialistas Aline Pereira e Flavia Corpas. A exposição já aconteceu estreou na galeria de Favish, foi para Brasília e até o próximo domingo estará em São Paulo, na Caixa Cultural da Sé, no centro da cidade. Estão expostos ilustrações de Lampião e Lancelote, Simbá O Marujo e Caçada, de Fernando Vilela; Telefone Sem Fio, com as imagens de Renato Moriconi, e três artistas estrangeiros: a argentina Juliana Bollini, que mora e publica no Brasil e mostra a série Lobo Está? e Alma; o norte-americano John Parra, com obras como A Árvore Imaginada; e a israelense Ofra Amit, com a série Schizo (que é o destaque nos materiais de divulgação). Obras que, segundo Favish, se isoladas das narrativas literárias para as quais foram originalmente criadas, têm vida própria e conexão com a arte contemporânea. As técnicas, como em toda vasta obra da literatura infantil, são bem variadas: acrílica sobre tela ou placa de ilustração, óleo sobre madeira, xilogravura, fotografia, escultura e desenho digital. A exposição foi delineada com base no conceito de “estranho familiar”, de Sigmund Freud. “É aquilo que você estranha, mas de alguma forma também se identifica”, explica Favish que faz questão de dizer que esta é só a primeira de muitas que virão. Vale a pena experimentar.

MACLIJULIANABOLLINI

Estive na inauguração, em dezembro do ano passado. Quando me aproximei de Fernando Vilela para cumprimentá-lo e colocar a ele minha surpresa com um ar de “era isso mesmo que eu gostaria de ter nas paredes lá de casa”, ele me disse duas palavras que simbolizam bem a ideia toda: “Funciona, não?”. Sim, Fernando, funciona. As telas, expostas na altura padrão de exposições, incomodou alguns, por pensar que uma criança pequena, teoricamente alvo inicial dos livros, pode nem sequer alcançar os quadros. Mas a ideia, talvez, seja o oposto: tirando da altura “fácil” das crianças, os adultos poderiam, então, dar outro valor às obras. E aí moram as grandes questões na literatura infantil: um livro ilustrado é somente para as crianças? E, se for, por que não deveria ser considerado arte? Por que o “para crianças” diminui o valor do processo ou o resultado final?

Como, ainda bem, há milhões de pessoas que não pensam assim, a exposição se tornou possível e, para os outros milhões, necessária. “Eu sempre tive uma relação com o livro considerando-o como arte, algo precioso. Quando faço um livro, estou me colocando por inteiro, minha alma mesmo”, contou o ilustrador e escritor Renato Moriconi, na mesa redonda que inaugurou a mostra. “O ponto de partida para decidir fazer um livro é o mesmo de escrever um poema, contar uma história”, disse o ilustrador e escritor Fernando Vilela.

Uma ótima conclusão desta conversa toda é que quem sai ganhando é a criança, que pode iniciar uma relação com a arte mais aberta, mais livre. “Como explicar o que é arte contemporânea para criança? Como se explica carinho? Dando carinho! Então eu acho que esta exposição pode ser, no mínimo, uma ótima oportunidade para a crianças levarem os adultos para as galerias!”, brincou Favish.

MACLIMORICONI

Perguntei a eles: então, qual seria o lugar da criança neste tipo de arte? “Ao lado, parceira. Vejo tudo como um diálogo”, disse Fernando.

Não percam a chance de ir até mesmo para conferir este centro cultural por dentro, que não é assim, infelizmente, tão convidativo por fora. Lembrando: a exposição fica até o próximo domingo, dia 16 de fevereiro.

 

Macli – I Mostra de Arte Contemporânea em Literatura Infantil

até 16 de fevereiro de 2014, de terça-feira a domingo, das 9h às 19h

Local: CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro

Informações: (11) 3321-4400

 

Mais em: macli.com.br

A Conferência dos Pássaros

CONFERENCIAILUSTRA1Peter Sís é daqueles autores que, diante de um livro com sua assinatura, a gente corre para ver o que tem dentro (ele é autor também de O Muro, que ganhou vários prêmios). Mas, claro, antes de tomar esta decisão, a capa já havia fisgado você. Aconteceu com A Conferência dos Pássaros, que a Companhia das Letrinhas lançou em 2013, em que o autor tcheco reconta um grande clássico da cultura oriental. Sobre o que? Sobre todos nós.

O livro é uma beleza de ponta a ponta. É baseado no conto do místico persa chamado Farid Ud-din Attar, fonte de inspiração para inúmeros escritores de todas as partes do mundo. Nos surpreende, nos incomoda, nos alivia, nos impulsiona. É fácil se identificar com uma turma de pássaros que, cansados de tanta violência e destruição de onde vivem, decidem seguir viagem na busca do rei Simorgh. Um rei que teria todas as respostas. Eis um trecho:

 

– Pássaros! Vejam só quantos problemas no mundo! Anarquia – desgosto – revoltas! Disputas violentas por território, por água, por comida! Ar poluído! Infelicidade! Temo que tudo esteja perdido! Precisamos fazer algo!

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E assim eles saem voando por um caminho de dúvidas, ressentimentos e medo de mudanças.

Pato: Estou feliz na água! A água é a fonte de tudo!

Falcão: Já tenho um mestre!

Coruja: Adoro procurar tesouros no meio das ruínas!

Papagaio: Gosto daqui. Me sinto seguro. Me dão comida e água todos os dias.

Mas, ao mesmo tempo, impulsionados por uma poupa que os incentivava, percorreram todos os cantos do mundo com esperança. Passam, assim, por sete vales: o da procura, do amor, da compreensão, do desapego, da unidade, do deslumbramento e o da morte. Já dá para perceber que, diante destes desafios, muitos não continuam a jornada. E assim vamos seguindo com ele profundos mergulhos por nossa existência. Peter Sís nos dá para acompanhar uma variedade de imagens e de formas de escrita que garantem o movimento do vento, o voo, com pausas da própria história, inserindo outras no meio e nos amarrando ainda mais a não largar o livro. Os vales nos são mostrados sem margens nas páginas; os pássaros podem aparecer em detalhes ou como um desenho só: observados de longe, parecem um só; as tipografias também mudam conforme o trecho narrado. É sonho e realidade o tempo todo. Que aventura!

O mais belo, no entanto, está por vir, pássaros (eu falaria assim para eles, agora!). O desfecho nos revela que, diante do grande sábio, as aves descobrem que a resposta estava muito mais próximo do que imaginavam. A comoção será inesquecível. Se lerem em conjunto com as crianças, então, imagino que memória criarão! Ah, reúnam a família toda de uma vez e história para todos!

 

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A Conferência dos Pássaros (Ed. Companhia das Letrinhas)

reconto em textos e ilustrações de Peter Sís

2013

 palpite: para crianças de 6 a 100 anos

A Bicicleta Epiplética

biciepi2“Quando eu comecei a escrever Desventuras em Série, saía por aí dizendo: ‘sou uma imitação barata de Edward Gorey’, e todo o mundo dizia: ‘quem é esse?’. Agora, todo mundo diz: ‘É verdade, você é uma imitação barata de Edward Gorey”.

Esta frase do escritor Lemony Snicket está na contracapa de A Bicicleta Epiplética (lançado originalmente em 1969!) do norte-americano Edward Gorey (falecido em 2000), que a Cosac Naify lançou em 2013. Fiquei superfeliz de viver otimamente este meu primeiro encontro com o autor. O livro é divertidíssimo do início ao fim, puro nonsense, “estilo”, aliás, que o próprio Gorey gostava de usar para definir sua obra.

Cada dupla de página tem uma ilustração e uma frase, ambas desenhadas com um traço fino e detalhista (a editora vem sendo elogiada pelo cuidado em “imitar perfeitamente” a letra do autor – ele fez tudo a mão, em 1969). Na história, dois irmãos que brigam bastante dão de cara com uma bicicleta que surge misteriosamente, e sozinha. Os dois montam nela e vivem aventuras malucas, e é exatamente isso que vai fazer o leitor querer reler o livro várias vezes. O melhor ainda fica para o final, com um tom pra lá de macabro, principal característica de Gorey e, por isso, a forte influência do trabalho dele em artistas como Tim Burton e Shau Tan. Imperdível!

A Bicicleta Epiplética (Ed. Cosac Naify)

textos e ilustrações de Edward Gorey

2013

palpite: para crianças de 5 anos a 100 anos (embora eu ache que a criança menor já vá amar as ilustras!)