Uma primeira vez na Feira de Bolonha

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CONVIDADA DO ESCONDERIJO

Do planejamento pré-viagem às surpresas acumuladas, a autora de livros ilustrados e especialista em livro para a infância, Liliana Pardini, conta um pouco aqui o que foram os seus dias passados na mais importante feira do livro infantil do mundo

A ideia desta viagem partiu da Anna Luiza Guimarães, uma jornalista e pesquisadora e apaixonada por livros como eu. Quando terminamos o curso de Pós-Graduação O Livro para a Infância, n’A Casa Tombada (em São Paulo), ela sugeriu: nossa viagem de formatura tem que ser para Bolonha.

Era daquelas ideias que são tão audaciosas que assustam, concluir todo aquele percurso na principal feira de livros ilustrados do mundo. No meu medo confortável, achei distante do real: “Viajar para longe da família por um motivo meu, só meu?”.

Em novembro de 2018, Anna me mandou uma mensagem: “Liliii vamos para Bolonha???? Já comprei minha passagem pra não desistir.” E a ousada pergunta veio do frio na barriga: “E por que não?”

Conversas daqui, ajustes dali, pesquisas e cálculos depois, no dia 30 de março eu estava abraçando marido e filhos no aeroporto, dizendo que os amava e já já estaria de volta. Encontrei minha professora de narrativa visual (curso que me deu a chance de continuar estudando n’A Casa Tombada!) na sala de embarque, a autora Aline Abreu, e a Daniela Padilha, da Editora Jujuba. A Daniela me perguntou: “É a sua primeira vez em Bolonha? Então não vou te contar nada, é um mundo aquilo.”E lá fui eu para o mundo. Doze horas de viagem até Milão e mais duas de trem para chegar no abraço de realização de sonho na Anna.

Depois de jantar um tagliatelle al ragù com vinho local, tiramisù de sobremesa e uma boa noite de sono na horizontal, chegamos à feira.

 

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No Brasil, não são muitas as pessoas que têm essa loucura por livros ilustrados. É uma tribo pequena que, aos poucos, vai contagiando quem se deixa encantar. Chegar em um lugar com seis pavilhões, mais de 500 expositores, 250 eventos, entre workshops, debates, análises de portifólios, mostra de originais de ilustradores e enormes murais onde os visitantes artistas podem expor seus trabalhos é um susto e um alívio. Há mais malucos no mundo.

Deparar-se com tudo isso pode causar ansiedade. Anna e eu conversamos sobre isso e concluímos o óbvio: não dá para ver tudo. Então decidimos “rallentare”, desacelerar o ritmo e saborear o que o acaso iria nos colocar nas mãos.

Permitimos que os livros fizessem seu flerte. Uma piscada de uma ilustração, um beijo soprado por um título e íamos nós transportadas a universos paralelos. Por vezes sozinhas, compartilhando os achados mais preciosos, ou mesmo folheando o livro uma para outra e trocando impressões.

Assim conheci as obras de Anna Paolini, Beatriz Martín Vidal, Davide Calì, Monica Barengo, Daniel Fehr, Bernardo P. Carvalho, Quint Buchholz, Taeeun Yoo, Laura Carlin, Helene Rice, Ronan Badel, Mauro Bellei. E revi as de Jimmy Liao, Gabriel Pacheco, Eva Montanari, Bruno Munari, Kveta Pacovska e tantos mais.

Quando a fome nos fez lembrar que não somos feitas só de devaneios nos demos conta de ter perdido as palestras selecionadas da manhã e que precisávamos comer urgentemente. O fato de ter pego uma fila enorme (quantos livros mais poderíamos ter visto neste tempo?) e ter conseguido quase à força um sanduíche seco com poucas fatias de mortadela de uma italiana determinada a só atender clientes do sexo masculino, nos fez decidir trazer nossos próprios sanduíches a partir do dia seguinte.

Em 2019 há espaço para ler escritas à mão?

Fomos para a palestra sobre Handwriting in children´s books (Escrita à mão nos livros para crianças). Foi estranho ouvir uma das palestrantes defender a não utilização da escrita à mão nos livros ilustrados. Disse que a tipologia deve ser familiar, espaçada e “preto no branco”, pois a criança pode se cansar facilmente na leitura. Até posso concordar com isso em um livro didático, onde a informação importa mais do que a tipologia e ela deve ser útil e discreta. Mas no livro ilustrado? E quando é que a criança vai poder ser desafiada a decifrar uma letra escrita à mão? Depois de crescida?

Os outros palestrantes fizeram o contraponto, dizendo que a escrita à mão traz características do discurso para o papel, como tom, volume, velocidade, contexto emocional. Defenderam a escrita à mão como presença humana, movimento do corpo. Foi quando ela apareceu, uma autora holandesa chamada Harriet Van Reek, a heroína da tarde.

Disse que não vê diferença entre desenhar a letra e desenhar a ilustração. Defendeu que é possível que a criança não consiga ler, mas que ela pode sentir o que a letra transmite. “Você deve ter aventuras com as letras. Como pedir para o ‘K’ ser o seu cavalo ou sugerir um corte de cabelo para o ‘H’”.

Ao final de sua fala não pudemos resistir e fomos falar com ela. Eu, no meu inglês de pé quebrado, disse que fiquei apaixonada. E ela, no maior bom humor: “mas eu sou muito velha pra você!”. Tiramos fotos, trocamos abraços, pegamos dicas de onde conseguir seus livros e deixamos a impressão do nosso jeito brasileiro para a talentosa holandesa.

Entre minhas vontades pesquisadas com antecedência estava ver o autor japonês Katsumi Komagata, um grande ídolo. Antes de sair da feira neste primeiro dia, fomos ver onde era o stand de sua editora, a One Stroke. Encontramos uma senhora japonesa escrevendo apontamentos e um senhor, também japonês, em seu notebook. Em silêncio, admiramos alguns livros. Quase caí de costas quando vi o livro da arvorezinha — Little Tree — à venda. Um antigo sonho de consumo. Tomei coragem de perguntar à senhora se aquele era Komagata. Ela disse que sim, na maior naturalidade. Parecia “brincadeira de primeiro de abril”, bem a data que estávamos lá. Cumprimentei-o, perguntei se ele poderia autografar o livro para mim e ele, em sua doce gentileza, pediu para que eu me sentasse e escrevesse meu nome em um papel. Ele perguntou de onde eu era e conversamos um pouco sobre as diferenças e pontos em comum entre Tóquio e São Paulo. Tiramos uma foto e me segurei para não dar um abraço, achei que seria demais para a reserva nipônica dele. Admirei a elegância tranquila da Anna, perfeito oposto da minha empolgação de adolescente diante de seu astro de rock preferido. Atribuí isto ao fato dos cariocas estarem acostumados a encontrar celebridades em seu cotidiano. “Na verdade, estou em choque.” ela confessou. Saímos flutuando deste primeiro dia.

 

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O bebê e o direito à literatura

Começamos o dia seguinte, 2 de abril, o Dia Internacional do Livro Infantil (por conta do aniversário do dinamarquês Hans Christian Andersen) e aniversário da Anna, com a exposição de originais de ilustradores do mundo todo (mostra que completou 50 anos e o Instituto Emília trouxe uma versão especial ao Brasil em 2018, no Sesc Bom Retiro). Ver o traço próprio de cada artista e sentir o contexto de cada obra me deu a sensação de viver cinco anos em uma hora. (e ver o Fernando Vilela, nosso autor paulistano, entre eles, é uma alegria imensa).

Encontramos a Aline na palestra sobre livros para a primeira infância, dedicada a pensar os livros para os bem pequenos. Entre os palestrantes, dois me impressionaram mais. Uma foi a editora da Les Grandes Personnes, Brigitte Morel. Ela produz livros para bebês que são verdadeiras galerias de arte ambulantes. Faz questão de qualidade máxima em todos os detalhes, desde a definição de ilustrações fotográficas à escolha de autores, como Kveta Pacovska, para citar um exemplo de seu catálogo. Outro foi o psicólogo e psicolinguista Evelio Cabrejo Parra, cujo trabalho defende que os bebês que têm contato com livros infantis desenvolvem sua sensibilidade, seu cérebro, como nunca mais poderão desenvolver em outra fase da vida. E que esse acesso deveria ser um direito assegurado a todos.

À tarde encontramos uma amiga da Anna que ela só conhecia virtualmente, a Emilia Nuñes, autora e criadora do blog Mãe que lê. Uma soteropolitana super simpática (isso deve ser pleonasmo) que nos levou até o stand da FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e nos apresentou à Maria Beatriz Serra, colaboradora da fundação. Cada uma de nós contou um pouco sobre o próprio trabalho, e Beatriz me recomendou vir no dia seguinte apresentar o boneco do meu primeiro livro no Portifólio Review com a Ciça Fittipaldi. Pudemos folhear os livros brasileiros selecionados pela Fundação para representar o Brasil em Bolonha, um catálogo super aguardado divulgado dias antes da feira. Entre os consagrados autores, como Marilda Castanha, Odilon Morais, André Neves, Carolina Moreyra, Roger Mello, Nelson Cruz, Rosinha, Stela Barbieri, Fernando Vilela, Lucia Hiratsuka e tantos mais – a lista é longa, maravilhosamente longa – o impactante A Coisa Brutamontes, primeiro livro da Renata Penzani (juro, que também se tornou especialista pela mesma pós que eu!) e o belíssimo e independente (sem ser lançado por uma editora) Das Árvores que Caminham Quando Nelas me Aninho, a poesia encantadora do João Proteti e dos traços da Daniela Galanti! Bonito de ver a produção independente do Brasil ganhar a merecida visibilidade.

Encontramos o autor André Neves no stand da Editora Projeto. A Cristiane Rogerio (autora deste blog e coordenadora da pós) nos apresentou a ele em São Paulo, quando fomos juntos, Cris, André, Anna e eu, a uma exposição de livros infantis antigos na USP. Conversamos sobre a possibilidade de ele fazer seu famoso workshop de ilustração de Sarmede (cidade italiana com tradição no estudo na ilustração) no Brasil (cruzemos todos os dedos!). Logo chegaram seus amigos ilustradores: o espanhol Miguel Tanco, a portuguesa Mafalda Milhões e as italianas Gabriella Santoro e Anna Laura Cantone. Foi inevitável (e divertido) observar a personalidade de cada um em relação a seus desenhos. Encerramos o dia de aniversário no famoso restaurante Da Nello, com vinho, alcachofras fritas e molta pasta.

 

Quem somos nós na Feira

No terceiro dia, já adaptadas ao fuso horário e cheias de coragem, foi o dia de nos apresentarmos. Anna divulgou sua fantástica Biblioteca Amarela. Vou contar um pouco aqui sobre esse trabalho de formiga atômica revolucionária: ela primeiro conhece a criança e sua família e, a partir dessa conversa, indica livros que possam proporcionar diálogos sobre os mais variados assuntos. Os livros podem ser emprestados por um mês ou vendidos. E ela também participa de eventos para onde leva sua biblioteca itinerante. Por enquanto…

E eu apresentei o boneco do meu primeiro livro para o Artur, da Editora Projeto e para a análise generosa da autora Ciça Fittipaldi, na FNLIJ. Recebi conselhos valiosos.

Assistimos à palestra da Editora Carthusia, uma editora que, segundo eles mesmos, “procuram ideias para livros tão estranhos que ninguém tem coragem de fazê-los”. Era uma palestra que eu já havia assinalado como favorita antes de viajar por conta da presença de um escritor: Alberto Casiraghy.

Seguindo a #livroobjeto no Instagram me deparei um dia com a editora artesanal PulcinoElefante. Descobri que há 40 anos este poeta, editor, ilustrador (e luthier, músico, entre outras mil artes) italiano imprime um livro inédito por dia na sua máquina de caracteres móveis na sala de sua casa em Osnago. Foi uma saga conseguir o DVD do documentário feito sobre ele – Il fiume ha sempre ragione (O rio há sempre razão) – que valeu o suor, pois está entre os filmes preferidos da minha vida. Conhecer um pouco de sua arte alimentou meus próprios propósitos.

Depois de ouvi-lo falar sobre a criação de aforismos sob o ponto de vista das crianças (“como os pais podem ser bravos e doces ao mesmo tempo?”) reunimos o que restava de coragem neste dia e fomos conversar com ele. Como fiquei feliz em poder usar o pouco italiano que tenho para dizer: Oi Alberto, sou uma fã brasileira do seu trabalho. Na mesma hora ele convidou a Anna e eu para visitá-lo em Osnago: “fica a meia horinha de Milão”. Dali dois dias eu teria mesmo que ir a Milão para pegar meu vôo de volta e perguntei se poderia ser nesse dia. “Sim, estarei livre. Anote meu telefone. Almoçaremos juntos.”

Muito para processar!

Último dia, plena consciência de que a mala iria pesar e a carteira já estava vazia, fomos ver apenas o que a Aline nos indicou vivamente no jantar da véspera: conhecer o designer “reencarnação” de Bruno Munari – Mauro Belei. Ele nos apresentou cada um de seus livros, com performance e tudo. O “Pop-op”, primo do Pop-up, é revelado quando envergamos o papel. O Sporcabili del 900 – sfregando le avanguardie (Sujeiras de 900 – esfregando o avant-garde) convida a criança a colocar uma folha em branco sobre oito matrizes impressas em relevo e esfregar o papel levemente com lápis para ver revelar desenhos inspirados na corrente artística dos anos 1900: futurismo, cubismo, abstracionismo, minimalismo, espacialismo etc. Sem informações teóricas, é para os pequenos terem contato com esta estética, de uma forma divertida e que permita a apreciação de uma obra desse gênero quando a virem mais tarde, mais crescidos, por já terem referências.

Isso para citar apenas dois de seus livros. Fizemos nossas compras comedidas e demos mais uma volta na feira. Depois de um café reflexivo, contamos os últimos euros e decidimos voltar lá. Quando chegamos, ele tentava se comunicar – por gestos – com sua editora chinesa para apresentar seus livros novos. Que angústia! Quando vi, lá estava eu com meu inglês e italiano macarrônicos intermediando a conversa dos dois, explicando a apreensão da arte abstrata de forma subliminar da criança para a chinesa que mal falava inglês. Falamos até sobre as diferenças de taxas entre livros e brinquedos na Itália. O que faltou em gramática sobrou em simpatia. Sei que essa conversa maluca terminou com todos se abraçando, tirando fotos, trocando presentes e convites para ficar em casa, seja em Bolonha, Pequim, São Paulo ou Rio de Janeiro.

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Fomos almoçar no centro de Bolonha, a uns 20 minutos de ônibus da feira, Aline, Anna e eu, e andar um pouco. Visitamos a igreja de Santa Maria della Vita, onde há o grupo de esculturas em teLILIBOLONHA5rracota do artista Niccolò dell’Arca, feita por volta de 1490. Cristo no chão acaba de morrer. E as testemunhas em torno, incluindo sua mãe e Maria Madalena, estão em um desespero aterrador. Ao vivo, parece que tudo está acontecendo naquele exato instante e que ouviremos os gritos a qualquer momento.

 

 

 

Depois visitamos uma pequena livraria independente chamada Mirabilia. Especializada em arte, ilustração e fotografia, orgulham-se em ter livros dark para a infância, que tratam de temas incômodos, como doenças, morte, perda, abandono.

Os livros são fantásticos, mas o que consegue impactar ainda mais é a decoração.

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Ao entrar no andar subterrâneo, chamado de o quarto das maravilhas, a impressão é de estar em um cenário de um livro do escritor e ilustrador norte-americano Edward Gorey. Para quem o conhece, pode imaginar o quanto isso pode ser perturbador e hipnotizante. Se não o conhece, vale permitir que a curiosidade supere o medo. No Brasil, há alguns anos, a editora Cosac Naify lançou o A Bicicleta Epiplética, divertíssimo.

O Último Dia

Um trem até Milão, uma confusão entre estações – o trem para Osnago parte de Milão Porta Garibaldi e não de Milão Central – metrô e outro trem para Osnago depois, lá estava ele, o poeta Alberto Casiraguy, de boina e cachecol, nos esperando na estação e caminhamos até sua casa-ateliê.

O curioso é que a própria casa já é uma obra em si. O ranger da porta de ferro anuncia a passagem para um outro correr do tempo. Objetos que atiçam a imaginação do artista estão por toda parte. Um caos lindo de esculturas, retratos, pinturas, papéis, livros, linhas, tipos (esses, organizados, cada um em sua gavetinha), pedras, estátua de Branca de Neve, instrumentos musicais feitos por ele e a coleção de máscaras africanas. Ah, as máscaras. Cada uma que ele apontava, dizia: “olha isso, é Picasso. E essa? Modigliani.”

Um espaço que reflete sua inquietação criativa, um universo próprio onde produziu mais de dez mil títulos do selo PulcinoElefante, obsessão apaixonada que o absorve tanto que ele não sente a menor vontade de se afastar de casa. Sua esposa, Grazia, que já visitou e morou em muitos lugares no mundo, recomenda que ele visite o Brasil. Mas ele desconversa.

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Cozinhou para nós um espaguete ao pesto e não nos deixou nem lavar a louça. Enquanto tomávamos um caffé d’orzo, imprimiu e pintou uma obra para cada uma. Seguimos de braços dados até a estação, conversando sobre Jorge Luís Borges e seu compositor favorito, Gustav Mahler. O inesperado nos tomou.

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De tudo vivido, penso que tive uma sorte imensa de ter tido a Anna Luiza como companheira de viagem. Alguém para quem perguntar de vez em quando: “Foi sonho ou foi de verdade mesmo?”.

 

ps – O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO QUE EU, CRISTIANE, AUTORA DESSE BLOG, COORDENO N’A CASA TOMBADA E QUE LILIANA E ANNA LUIZA CURSARAM, ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS PARA TURMAS NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2019! VEJA MAIS AQUI NO SITE DA CASA:

 

LEIA MAIS NO BLOG SOBRE BOLONHA E A FEIRA:

Bologna 2014: Brasil, o País da Ilustração

 

FEIRA DE BOLOGNA 2015: O espanto como jeito de ler o mundo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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