Bárbaro, de Moriconi, vence Jabuti

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BARBARODENTRO

Em 2013, bem pertinho de ter sido agraciada com a leitura de Bárbaro (Companhia das Letrinhas), livro de Renato Moriconi, fiz uma entrevista com ele para uma revista eletrônica da escola da minha filha Clarice. Foi bárbaro, claro, rs.

Já sabia que aquele seria um livro histórico. Um livro só de imagem com formato criativo, projeto gráfico impecável desde a capa e uma história que nos entretém por diversão e, depois, nos surpreende pela emoção, pela identificação, pela delicadeza. E sinto uma felicidade enorme de estar vivendo isso, assistir a um artista crescer mais ainda. E, para a minha sorte, agora assisto ao seu reconhecimento! Em junho, ele venceu a terceira edição do Troféu Monteiro Lobato de Literatura Infantil da Revista Crescer, premiação que ajudei a criar em 2011. Agora, foi anunciado seu Jabuti em melhor ilustração de livro infantil e juvenil! (pena que não ganhou na categoria de melhor infantil… premiar um livro só de imagens nesta categoria seria um avanço incrível!)

 

Compartilho aqui com vocês nosso bate-papo sobre a criação do livro e convido a todos a comemorar a força deste artista brasileiro.

Para ser sempre bárbaro

 

            Qual a importância de enfrentar nossos medos? Como uma boa história lida na infância poderia ajudar nisso? Há diversas razões para se ler um livro e tocar nesse assunto é um dos méritos de Bárbaro, o novo livro do ilustrador Renato Moriconi, importante ilustrador brasileiro, autor também de Telefone Sem Fio e Bocejo (em parceria com Ilan Brenman). Moriconi nos apresenta um livro somente de imagens, convidando o leitor a uma sequência que ele não vai se cansar de ver. Belíssimo, a cada virar de página damos de cara com um pequenino guerreiro enfrentando dragões, fogo, seres fantásticos. O leitor fica com a aflição. É muita provação! Mas o final reserva uma surpresa e dá ao leitor mais do que apenas uma aventura e, sim, uma oportunidade poética de rever a importância da imaginação e, com ela, a importância da chance de enfrentar nossos “monstros”. Por isso, as possibilidades de leitura crescem junto ao leitor: os mais novos se identificarão com a simplicidade das imagens, os mais velhos podem embarcar na complexidade da história até seu final, os jovens e adultos irão se emocionar com os encontros com suas memórias e desafios da vida. Ou muito mais do que isso!

            Conversei com Renato Moriconi sobre a obra, o que você confere a seguir.

 

Cristiane Rogerio: Qual é a história por trás desta história?

Renato Moriconi: O livro nasceu depois uma viagem que fiz pela Itália. Especificamente por Lucca. Nessa cidade vi um carrossel no meio de uma grande praça, igual se vê esculturas em mármore, bronze etc. Era como um monumento à infância.

CR: O carrossel (que faz parte da surpresa no final do livro) simboliza algo para você, ou foi uma forma de conduzir a história?

RM: Ele é para mim um veículo que conduz para outro tempo. Para um passado puro e lúdico. 

BARBAROCAPA

CR: Fale da técnica tanto de ilustrar, como de escrever ilustrando. O que você faz primeiro?

RM: Geralmente eu começo fazendo rascunhos diversos em um papel em branco, pensando no fomato e no desenho de cada página. Depois eu faço um protótipo bem próximo do tamanho que imaginei para o livro e faço rascunhos nele. Isso é importante para resolver questões sobre o livro que, de outra forma, não seria possível. Depois de tudo isso, penso na técnica de finalização das imagens. 

 

CR: Teve algum fato curioso na hora de fazer este livro? Algo que mudou no meio do caminho? 

RM: Inicialmente, o  livro tinha quatro páginas a menos. Costumo trabalhar meus livros calculando o número de páginas sempre em múltiplos de 4. Nesse caso, a produtora gráfica me informou que o formato exigia que o número de páginas do livro fosse mútiplo de 16. Sendo assim, das 28 páginas inicias, pulei pra 32. O bárbaro ganhou mais tempo para se divertir e enfrentar seus monstros. 

CR: Quando criança, você era um pequeno bárbaro? Com o que você mais lutava?

RM: Puxa… eu lutei contra alguns monstros muito feios na minha infância. Alguns eu nem tinha ideia do tamanho e do grau de perigo deles. Acho que o que me salvou – e ainda me salva – foi fechar os olhos e sonhar, como fez o bárbaro contra seus monstros.

CR: Qual a importância de um livro-imagem para um “pequeno” leitor, na sua opinião?

RM: Num mundo cheio de telas, luzes, barulhos, movimentos, o livro-imagem  é um convite ao silêncio, que conduz ao sonho. 

Quer sabe mais sobre ele? Acesse www.moriconi.com.br

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2 COMENTÁRIOS

  1. Estou amando livros sem texto!
    Compramos um por acaso pela internet pelo título “Meu Leão”. Não sabíamos que era livro imagem!
    E qual não foi nossa surpresa as descobrir que se tornaria um dos livros preferidos do pequeno de 2 anos e meio! Cada dia que contamos a história, uma coisa diferente é observada, uma palavra nova é usada, um sentimento novo é evidenciado.. E fica mais emocionante ainda quando é outra pessoa que conta a história!
    Parabéns aos autores e ilustradores por abrir esse mundo de possibilidades para nós!

    • DioneAdoro suas dicas de livro. Nina agora quer segurar, ler para as flhais, kkkk. Obrigada pelo toque da descida do bere7o. Ela sobe com a lateral baixa, mas agora fiquei com medo dela resolver descer quando estiver alta. Vai ser um tombe3o! Beijos!

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