Oliver Jeffers e suas 1001 artes

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Vou me apaixonando pelo escritor e ilustrador australiano (criado na Irlanda, morador hoje de Nova York) Oliver Jeffers, um dos autores de livros infantis mais badalados da atualidade, muitas e muitas vezes. Isso mesmo, no gerúndio, pois é hábito difícil de parar.

Não, não é só pelo jeito dele australiano-irlandês-morando-em-Nova-York.

Nem só pelos olhos verdes e o cabelo doidão, cada hora de um jeito diferente. E nem pela sua simpatia que nem mesmo o braço machucado o impediu de tirar uma foto comigo (e o outro fã, o escritor italiano Roberto Parmeggiani) na Feira do Livro Infantil em Bologna.

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E nem apenas pelo clipe maravilhoso do U2 que ele dirigiu ao lado de Mac Premo, para o single Ordinary Love, canção do filme Mandela e que concorreu ao Oscar.

oliverachadoscapaNa verdade, me apaixono porque cada livro seu dá um gostinho de quero mais. A gente deseja mais do livro, mais dos personagens e que cheguem os próximos. Eu tenho os cinco livros dele lançados aqui pela Editora Salamandra, e mais um em italiano, que acabo de comprar em Bologna. Também li o que deu na livraria Hatchards, na minha curta passagem por Londres a caminho da Itália. Mas o primeiro contato que tive com ele foi com o livro Achados e Perdidos, um de seus maiores sucessos. Quando se tornou uma animação (adaptado e filmado por Philip Hunt) chegou a vencer muitos prêmios, inclusive o Bafta, uma premiação britânica. Maravilhoso, conta a história de um menino que encontra um pinguim e não mede esforços para devolvê-lo a seu lugar. Quando eles chegam no polo sul, uma linda surpresa os aguarda.

No livro, as frases curtas e as pausas para o silêncio – típico de um livro ilustrado – embelezam esta emocionante história de amizade, com detalhes preciosos e um toque humorístico (aliás, mistura esta bem característica do autor). Livro para guardar no esconderijo do tempo.

Quando ele vai para adaptação em vídeo, um curta de quase meia hora, a gente percebe outros detalhes e leituras e conseguimos viajar ainda além. Ficamos quase satisfeitos, rs. Veja o vídeo:

Mas o livro ainda é para mim um tesouro mais especial.

Olhem este abraço:
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O menino-protagonista ainda aparece em mais livros dele, como o primeiro de todos, Como Pegar Uma Estrela, também belíssimo.

oliverpegarestreladentroDesta vez, o menino faz de tudo para conseguir uma estrela só para ele. Ele consegue, mas o bonito é como.

Ao todo, Jeffers é autor de 12 livros e seu trabalho já foi traduzido para 30 idiomas. Ilustrou livros de outros escritores, fez outros vídeos para o mercado americano e já até trabalhou como ilustrador free-lancer da Starbucks, além de curtas para as conferências da TED. Em 2012, lançou Neither Here Not There, uma coletânea de pinturas novas e antigas, bem diferentes do trabalho com os infantis. (o Garatujas Fantásticas foi a um encontro com ele na ocasião e conta mais aqui).

E tem mais: no site do autor – oliverjeffers.com – é possível comprar os livros, algumas pinturas como esta sensacional chamada Adolf Dali…

oliveradolfdali
…e até joias! Isso mesmo: joias.

Joias com os personagens nos pingentes.

oliverjoias
É inacreditável que ele tenha apenas 36 anos.

Rodando na web – youtube ou vimeo -, a gente consegue saber um pouco como ele é (gente, tem até as fotos do casamento dele na internet, rs. Maravilhosas, por sinal, todas de Kacy Jahanbini – bem como a que abre este post).

Tem desde ele neste vídeo sobre si mesmo totalmente maluco e divertido:

Até um bem tradicional, em que ele lê um de seus livros:

 

Até em uma instalação no maravilhoso Seven Stories, na Inglaterra:

 

 

Ou ensinando a desenhar

 

Ou postando foto dele com o U2
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na filmagem do clipe de Ordinary Love. É uma delícia reconhecer a fonte da assinatura dele aqui (acho que dá para vê-lo meio escondidinho)

 

Aqui no Brasil, temos, então, também Os Hueys em O Novo Pulôver, com a história de uma turma de criaturas muito fofas e completamente iguais.

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Tão, mas tão idênticas que uma delas resolve tricotar um pulôver para dar uma mudada naquilo tudo. O problema é que todos os outros Hueys gostaram da ideia e, enfim, foram tricotar também.

 

Além deste, a Salamandra também trouxe ao nosso país O Incrível Menino Devorador de Livros.oliverincriveldevoradorCom a saga de um menino que literalmente comia livros e, por isso, se tornou muito inteligente, mas um pouco enjoado (haja conhecimento na barriga!). Eis que ele resolve em vez de comer, ler.

Mas O Coração e a Garrafa, último lançado no Brasil é, para mim, um presente inesquecível.

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Fala de uma menina que se dava muito bem com o avô, com o qual vivia – e ouvia – muitas aventuras incríveis. Até que um dia, ela tem que lidar com a morte dele e sua ideia é guardar o coração dentro de uma garrafa. Sim, ela cresce protegida da dor de uma perda.

Mas também se esquece das estrelas, não mais presta atenção no mar. Até que um dia ela quer resgatar o coração. E precisa de uma ajuda muito especial.

A história, a identificação imediata com a personagem, os detalhes das guardas (as primeiras e últimas duplas de um livro) faz do livro um poema só.

E é essa a especialidade do premiadíssimo Jeffers: fazer emoções virarem poesia, para serem histórias para todos nós. Em entrevista à revista inglesa The Bookseller, Jeffers diz que realmente não sabe o segredo de um bom livro. “Honestidade é o mais importante. Os livros que eu realmente gosto sempre parecem vir de um lugar puro. O autor fez porque ele sentiu que precisava fazer. Mas não acho que há uma fórmula. Tem que haver um começo, um meio e um final. Mas isso é tão óbvio que as pessoas esquecem.”

O próximo já vem aí: em setembro ele e a Harper Collins, sua editora, lançam Once Upon an Alphabet (algo como Era Uma Vez Um Alfabeto), uma coletânea de histórias curtas ilustradas. Mal posso esperar.

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