O LADO POÉTICO DOS DINOSSAUROS

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Num ninho de criolofossauro

Havia dez criolofossaurozinhos.

Quem os descriolofossaurizar

Bom paleontólogo será!

 

Quando você pensa em dinossauros, o que vem primeiro à mente? Uma imagem de um gigantão rouaaaaar, pra cá rouaaaaar, pra lá, andando pesadão, em busca de alimento, matando um, morrendo outro, aquela luta danada pela sobrevivência… É o que a História e a Ciência nos apontam, mas não é só isso que sabemos sobre os dinossauros. E, principalmente, não há apenas esta maneira bruta de ter referência deles.

Um casal de autores brasileiros está de olho na, digamos, imagem propagada dos gigantes da pré-história. Um deles, Luiz E. Anelli, é paleontólogo e professor da USP, autor de diversos outros livros (inclusive para crianças) e o idealizador da exposição Dinos na Oca, que aconteceu em 2006 no Parque do Ibirapuera, em São Paulo (quem foi jamais esqueceu!). E quem está lançando dois livros ao lado dele é Celina Bodenmüller, estreando na escrita, mas há muitos anos entendedora e apaixonada por livros infantis, como criadora da Livraria Panapaná, na região sul de São Paulo.

Foi ela que achou que combinaria bem um livro de poemas sobre dinossauros. Quem pensaria uma coisa destas? E Anelli achava que era hora de tratar do cotidiano deles, mostrando-os como animais (e não como monstros ou seres imaginários), falando sobre seu dia-a-dia como a relação de pais e filhotes. Por que não? Afinal, os dinossauros também têm seu lado poético, oras!

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Assim, surgiram dois livros. O primeiro que vou falar é o dicionário poético ABCDinos, recém-lançado pela Editora Peirópolis e com ilustrações de Graziella Mattar, e que tem o verso com o qual eu comecei este texto. O segundo, Dinossauros – O Cotidiano dos Dinos Como Você Nunca Viu, com conteúdo e forma mais próximo a um paradidático, lançado pela Panda Books e com ilustrações de Biry Sarkis, e que está chegando em março nas livrarias.

Foi Celina também quem sugeriu: “Vamos fazer um livro ABC, em que haja um dinossauro para cada letra. A gente consegue misturar informação científica com poesia e é ótimo também para brincar no processo de alfabetização. E, como sou leiga, fui pinçando o que era surpreendente para mim e fomos construindo juntos, também buscando brincar com palavras do universo infantil como ‘pum’, ‘meleca’ e ‘bicho do além’, esta última para falar de animais mortos”.

DINOSBIRY1

Ao mesmo tempo, Anelli, do auge da sua experiência, havia uma pergunta que vai e volta na sua cabeça: “Venho pensando muito sempre: por que criança gosta tanto de dinossauro? Acho que tem vários pontos. Elas gostam de se exibir sobre o que sabem e descobrem, gostam da sensação de conhecer algo que os pais não sabem. Os dinossauros também fazem parte da categoria do ‘grandão’ e as crianças adoram isso. E comecei a ver que nos livros predomina a questão do horror, da matança.” Ele procurou, como em todos seus livros, deixar esta fantasia que tanto atrai a criança, mas com o compromisso do rigor da ciência. “Os dinos são um super instrumento da educação para mostrar a evolução da vida, pré-história, e é um assunto que geralmente não se leva muito a sério.” E percebeu que os dinos eram pouco explorados na sua categoria mais básica: animais.

 

Em Dinossauros, o leitor entende que nem todos eram grandes e ferozes, que berravam quando sentiam dor, como são as marcas de xixi e cocô que eles deixaram, e que os filhotes eram brincalhões do tipo de dar cambalhotas e subir em árvores. “E, ao contrário do que se pode imaginar, os dinossauros não são uma paixão de infância minha: são uma paixão de adulto. Na universidade eu precisava ter uma imersão no meu estudo, e os dinossauros foram e são meus melhores professores: tornaram mais interessante a pré-história para mim.”

O trabalho de um e de outro se aprofundou tanto na medida entre ludicidade e ciência, que a criação de ambos ilustradores teve a participação completa dos escritores. Não poderiam correr o risco de colocar características ou até mesmo animais que não correspondessem às suas épocas exatas. “A gente mandava fotos como referência ou descrevíamos o máximo possível não só para o desenho do dinossauro, mas também sobre o que estava em volta dele como as plantas, por exemplo, e a Graziella usou tudo muito bem”, conta Anelli, mostrando os detalhes da Graziella Mattar em ABCDinos.

O mesmo aconteceu com Biry Sarkis, um mestre dos desenhos grandes e cheio de surpresas (vide suas ilustrações na seção Cadê, da revista Recreio) e humor (desde a capa).  “A galeria que ele fez no final é incrível. Você fica um tempão procurando detalhes”, conta o escritor, cheio de orgulho de uma espécie de dom nem tão comum de encontrar por aí: o prazer de compartilhar conhecimento.

ABCDINOSCAPA

ABCDinos (Editora Peirópolis)

Textos de Celina Bodenmüller e Luiz E. Anelli

Ilustrações Graziella Mattar

2015

DINOSBIRYCAPA

Dinossauros – o Cotidiano dos Dinos como Você Nunca Viu (Editora Panda Books)

Textos de Celina Bodenmüller e Luiz E. Anelli

Ilustrações Biry Sarkis

2015

 

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