CONTOS DE FADAS, CONTOS DE IMAGENS DE ROSINHA

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De modo geral, as pessoas deliram com feiras de livros, cheios de descontos ou oportunidades de encontrar o que há tanto tempo as estantes de casa estão pedindo. Eu tenho, algumas vezes, imensa dificuldade em me encontrar no meio de tanta gente e oferta (e, no caso da Feira do Livro da USP no início de dezembro, muito calor). Pois uma coleção de livros gritava aos olhos do visitante no estande da Callis Editora: era uma trilogia de livros de Rosinha, uma de nossas grandes ilustradoras brasileiras, a coleção ContoImagem com versões de Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho e João e Maria.

Contos de fadas, de novo? Ah, como amo este tipo de indagação! Não existe beleza maior no mundo das histórias do que a possibilidade de ela ser recontada criativamente. Aqui Rosinha simplesmente arrasou: priorizando a narrativa visual, os três livros são incríveis, impactantes, únicos.

 

ROSINHAChapeuzinho vermelho 8-9

As imagens são fortes, grandes, um tom de modernidade (ô palavrinha difícil de usar esta), com traços que misturam delicadeza com provocação, identificação com assombro e as emoções próprias dos contos de fadas: ansiedade, medo, alívio, sarcasmo, vitória.

ROSINHAOs três porquinhos 24-25

Priorizando sempre três cores (que se unem ao preto e ao branco) em cada livro, o resultado se dá em enquadramentos marcantes que cadenciam as cenas no ritmo da história sugerido pela artista, como se fosse um filme gravado por câmeras posicionadas em diversos lugares. A fragilidade (ou não) das vítimas contrasta com a bocarra do lobo mas não só em terror: também em beleza, em atitude da ilustradora. O impacto é imediato e pude ver isso nos olhos gigantes da minha filha.

ROSINHAJoão e Maria 24-25

Mesmo aos 3 anos e meio e familiarizada com várias outras versões destes contos, depois de pedir repetidas vezes que eu lesse o conto, decidiu sentar-se no sofá e conferir ela mesma o que tinha ali de tanto especial.

No final, Rosinha não termina simplesmente. Oferece uma versão em texto corrido. “Principalmente para que os adultos conheçam as histórias mais perto das originais”, conta Rosinha, que teve a ideia de fazer a coleção há 10 anos que, originalmente estava projetada em 13 histórias. “Demorei bastante para que alguma editora aceitasse. Passei pouco mais de três anos trabalhando, entre outros livros. Trabalho intenso, em torno de quatro meses em cada livro.”

Ainda existe um detalhe que embeleza o projeto: em cada livro, Rosinha dedica a um ilustrador (em Os Três Porquinhos, para Marilda Castanha; em Chapeuzinho Vermelho, para André Neves; em João e Maria, para Ciça Fittipaldi). Na contracapa, outros três grandes ilustradores – Odilon Moraes, Ionit Zilberman e Lúcia Hiratsuka – assinam um comentário preciso, o que só reforça as palavras “respeito” e “admiração” que tanto soaram aos meus ouvidos e mente no tempo todo de leitura: respeito e admiração pela tradição dos contos clássicos, pelo valor do que provocam (negando o politicamente correto), pelo papel da ilustração e a necessidade de qualidade dos artistas no livro para a infância, principalmente para uma infância de qualquer idade.

ROSINHACONTOSCAPA

Coleção ContoImagem Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria (Callis Editora)

De Rosinha

2015

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